SERVIÇOS / ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL



A questão do envelhecimento sociodemográfico da população portuguesa é um fenómeno recente, mas impôs-se muito rapidamente ao conjunto da nossa sociedade, em grande parte devido aos anos de crise financeira e recessão económica em que vivemos. Com efeito, Portugal figura atualmente entre os cinco ou seis países com o índice de envelhecimento mais alto do mundo, ou seja, com a maior percentagem de pessoas com 65 ou mais anos de idade relativamente às crianças e jovens até aos 15 anos.
O índice de envelhecimento em Portugal aumentou de 101,6 em 2001 para 148,7 em 2016, ou seja, passou de 101 idosos para 148 por cada 100 jovens com menos de 15 anos em 15 anos.
Alguns fenómenos perfeitamente identificáveis contribuíram para o envelhecimento da população portuguesa nomeadamente:
  1. A maciça emigração da década de 60 e início dos anos 70.
  2. Baixo índice de fecundidade com níveis abaixo de 1,3 em 2013, um dos mais baixos do mundo e que não garante a taxa de reposição populacional. Este fenómeno acentuou-se com a recessão económica desde 2007.
  3. Aumento significativo da esperança de vida. Em Portugal a esperança de vida à nascença passou de 64 anos em 1960 para 81,3 anos em 2015. As mulheres têm mais 6,2 anos de esperança de vida do que os homens.
  4. Também de assinalar a esperança de vida aos 65 anos. Em 1970 uma pessoa com 65 anos esperava viver ainda 13,5 anos. Em 2015 uma pessoa com mais de 65 anos espera viver mais 19,3 anos
O envelhecimento é, em princípio, um fenómeno positivo, quer para os indivíduos, quer para as sociedades, sendo testemunha dos progressos realizados pela humanidade em termos económicos, sociais e biomédicos, na base dos quais se desenvolveram as políticas públicas de acesso generalizado da população aos cuidados de saúde. No entanto, não é possível ignorar aquilo a que se poderia chamar o paradoxo do envelhecimento. Reside este, conflitualmente, no facto de um fator socialmente assumido como positivo – conforme acontece com o aumento generalizado da esperança de vida –, ao combinar-se com a diminuição da fecundidade, gerar em contrapartida uma série de consequências complexas e mesmo gravosas para o nosso tipo de sociedade que importa abordar e garantir a todos o acesso à dignidade dos idosos sem comprometer o futuro de todos.
Sendo um processo irreversível, o tema do envelhecimento está claramente inscrito na agenda internacional. Desde a ONU, através da Organização Mundial de Saúde (OMS), até à Comissão Europeia (CE), passando pela OCDE, todas estas organizações promovem iniciativas que visam alertar as sociedades para os problemas do envelhecimento e definir medidas suscetíveis de dar corpo às políticas públicas vocacionadas para a resolução desses problemas. Essa é também aprioridade dos objetivos da CERLAR Serviços de Geriatria tendo em conta o seu target empresarial.
O quadro dos princípios e orientações elaborado por estas organizações é conhecido por envelhecimento ativo e constitui, presentemente, um paradigma necessário para entender as questões que o envelhecimento coloca às sociedades e as soluções que devem ser desenvolvidas. A definição avançada pela OCDE é talvez a que tem um espectro mais amplo considerando que o envelhecimento ativo deve ser entendido como “a capacidade de as pessoas que avançam em idade levarem uma vida produtiva na sociedade e na economia. Isto significa que as pessoas podem elas próprias determinar a forma como repartem o tempo de vida entre as atividades de aprendizagem, de trabalho, de lazer e de cuidados aos outros” (OCDE, 1998: 92lvidas.
Ora bem, é esta decisiva conexão social entre a forma de viver e a forma de envelhecer e morrer, concomitante às ameaças da fragilidade da saúde física e mental, do estigma e da quebra dos laços sociais, bem como às múltiplas formas de dependência que pesam sobre os mais velhos que condiciona a nossa atividade procurando responder da melhor forma às expectativas dos idosos e das suas pessoas relevantes. Defender o nosso lema até ao fim “DAR VIDA À VIDA”.




José Torres Costa Diretor Técnico

Helga Fernandes, Animadora Sociocultural